Negro rebento
das águas emerso,
casulo
de primaveras
recônditas,
secretas...
Não
sabeis dos sonhos
dormentes,
à espera
de vosso beijo de vida,
à vossa espera,
negro
menino
envolto
em pobres quimeras
de
luz e de cores,
esquecido,
por um momento,
da
vida,
da lida,
de
seus tantos dissabores...
Menino,
sois
vós a pérola negra
rejeitada
pelos homens
em
suas vestes brancas,
sua
paz, sua champanha,
sois
vós a mudez que arrasta
um
grito seco da garganta:
tanta
desigualdade,
tanta vaidade, tanta,
que
se dão os homens as costas,
embora
tudo em torno seja festa,
e
o ano novo se repita
na
fome que se agiganta!
Kalliane Amorim
...
O poema, embora escrito em 01 de janeiro de 2018, permanece atual, porque, infelizmente, a desigualdade em nosso país continua longe de ser amenizada, quiçá solucionada. Se ontem ameaçava os sonhos do menino de Copacabana, hoje cala inúmeros Joões nas periferias brasileiras. Uma rota de fuga é o que muitos desejam nesse contexto - haveria?
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