Embaladora do sono...
Balanço dos alpendres e dos ranchos...
Vai e vem nas modinhas langorosas...
Vai e vem de embalos e canções...
Professora de violões...
Tipóia dos amores nordestinos...
Grande... larga e forte... pra casais...
Berço de grande raça
Guardadora de sonhos...
Pra madorna ao meio-dia...
Grande... côncava...
Lá no fundo dorme um bichinho...
— ô...ô...ô...ôô...ôôôôôôôôô...
— Balança o punho da rede pro menino durmir...
De elemento identitário pessoal/regional, a rede passa a símbolo de brasilidade nesse poema em que as reticências garantem a construção da imagem quase alada da rede, em seu balanço lânguido e preguiçoso.
E no verso-e-prosa dos que fazem a confraria Café & Poesia, que seria a rede?
TIBAU E SEUS ENCANTOS
(Dulce Cavalcante)
A rede armada no alpendre
alça voo, sai dos punhos,
voa, solta dos cordões e vai,
visita as areias,
as ondas crespas
e as falésias coloridas.
Estão todas no lugar.
E as emoções?
Encantadas no sonho de outrora.
Olhos abertos contavam os caibros,
as telhas,
mosaico de ilusões
perdidas,
enroscadas
nas varandas de crochê.
O livro "Ostra feliz não faz pérolas"
descansa sobre o peito.
E os óculos?
Debaixo da rede, nada veem.
BALANÇO
(Kalliane Amorim)
Numa rede de varandas,
o teu sonho se balança,
levado por minha mão...
A tarde vai se deitando,
e eu aqui, cantarolando,
ninando teu coração...
Teu corpo vai descansando
para outras brincadeiras
que amanhã florescerão...
E serás meu cavaleiro,
meu anjo, meu violeiro,
meu pirata, meu capitão...
Remarás teu próprio barco,
criarás as tuas asas,
acharás tua direção...
Mas sempre serás menino,
balançando-se na rede
que armei no meu coração...
A REDE
(Ieda Chaves)
Rede de dormir,
para descansar,
aproveitar a preguiça,
sonhar, pensar,
planejar, namorar,
poetizar...
Rede de relacionamentos,
as famosas redes sociais...
Rede de TV
para informados nos manter.
Rede de vizinhos
para aproximar.
Rede de proteção
para não arriscar
a vida familiar.
Rede de conexão
com a internet.
Rede de pesca
para alimentar.
De todos os tipos de rede,
prefiro a rede de deitar-se.
Aquela que descansa o corpo
e que nos faz relaxar,
para dormir e sonhar.
Rede para acalentar os filhos,
rede para namorar,
rede para cantar,
rede para se balançar.
De todas as formas
de usar a rede,
a que melhor me cativa
é aquela que me faz
sonhar acordada.
A REDE E A SAUDADE
(Riz Silva)
A rede balançando no alpendre
Fogia em galope a tristeza
No rec rec da saudade
No frio cinza da fogueira
Em noites de lua cheia
Ardia a chama que subia
Num cochicho de velhas histórias
Que os mais velhos conduziam
O milho sapecado na brasa
As brincadeiras de roda
Na escuridão do sertão
Marcados na minha memória
Embalando a rede armada
No toco da carnaúba
Na velha casa de taipa
Onde a infância se curva
Na debulha de feijão
Também quando era de milho
Em volta de um balaio
Todos se reuniam
E as redes armadas no alpendre
Para depois se tirar um cochilo.
Foram tempos de alegria
Que guardo na palma da mão
Da rede e das velhas lembranças
Do meu querido e amado sertão.
REDE NO ALPENDRE
(Célia Medeiros)
No alpendre aprazível da praia de Tibau,
Há pouco, na última temporada de verão
Nossa família reunida, balançando em suas redes,
Os sonhos, a boa prosa; jogando fora os estresses,
Recarregando as energias para a vida e seus reveses.
Embalados pela brisa, música e sorriso,
Varandas esvoaçantes no alpendre
Cheiro de mar, o vento sacudindo os coqueirais,
Eternizando a alegria daqueles instantes.
Nuvens brancas formando as imagens
Que os olhos, vez por outra,
Teimavam em identificá-las...
Numa rede, um balanço, um despertar
Naquela paz tão saudável e familiar,
Desfrutavam de um prazer indescritível...
O que parecia ser mais umas férias de verão
Foi tão somente uma despedida,
O anfitrião, carismático e tão querido da família
Amante do banho de mar, de uma rede, da alegria,
Que em abril, voou nas asas do vento,
Fez cair as nossas lagrimas de saudade,
E, se fez estrela que brilhará eternamente sobre o mar.
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