domingo, 22 de novembro de 2020

Mares adentro

 




Singrando o dia,

sangrando à noite...

Gesto cantares

para acordar

auroras rubras

em meu olhar.

 

Singrando o dia,

sangrando à noite...

Ondas revoltas

no imenso mar,

somente o canto

pode acalmar.

 

Singrando o dia,

sangrando à noite...

Velas abertas,

mãos sobre o leme,

em que baías

vou ancorar?

 

Singrando o dia,

sangrando à noite...

Se nasci barco,

não quero o cais,

não quero as praias,

desejo o mar.

 

Singrando o dia,

sangrando à noite...

Mares adentro,

sem almejar

qualquer tesouro,

senão cantar...




Kalliane Amorim

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