Todos os caminhos
terminam em uma porta.
Mapas, bússolas, astrolábios,
diários de bordo, vários,
símbolos e sinais
de antigas rotas -
que importam,
se não tens a chave?
Planaste pelas campinas do ar,
equilibrado sobre a haste do tempo,
e vislumbraste a porta, entre as muralhas
invisíveis do firmamento...
Caminhaste, sempre tão atento
às minúcias de cada eterno
momento... Sob os teus pés,
a cada passo, a porta,
a aldrava e o consentimento.
Mergulhaste nas águas todas,
límpidas e turvas, teu movimento
era adiante, tua busca,
a ostra atrás da porta,
fluida e muda,
sobre cuja soleira,
silente, te prostras.
Ó porta bendita!
Ó tu, que separas
a vida da vida,
ó tu, que amalgamas
inícios e fins,
tem piedade, tem piedade de mim!
Abre-te às cores inomináveis
desta canção,
e aos arabescos que em ti
desenham estas minhas mãos...
Abre-te, ó porta, e deixa passar,
teu mistério e tua verdade...
Abre-te, que de ti mesma
são meu corpo e minh'alma a chave.
Kalliane Amorim
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