domingo, 22 de novembro de 2020

A esta hora






A esta hora,
senhora,
não mais te reclama
a mobília,
o assoalho,
no recanto do teto,
a teia  e a aranha.

Nada mais te espreita
ou conhece teu nome.
Estranhas.
Cora a tua tez
saber-te inútil
a esta hora, mas vês,
estendes a mão,
alargas da porta a fresta...
Nesse trino gesto,
uma prece inteira:
da hora derradeira
a claridade te acompanha.

Já não és só,
e é quase dia, 
senhora.
Teu gado, oculto,
arrebanha,
que já te chamam,
lá fora...



Kalliane Amorim
(Escrito entre 20 e 21 de agosto de 2020)

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