sábado, 28 de novembro de 2020

Contentamento



Contestar já não era seu feitio.

Contentou-se.


Passava o vento, recolhendo,

em sua rede,

botões ensimesmados,

sóis de muitos estios.


Passava o vento,

e já não farfalhavam

nem palavras pelos galhos,

nem sombras no pensamento.


Contentou-se.

Dos tempos idos

ficaram, fundas, as raízes,

entalhadas cicatrizes

num corpo de despedidas,

por onde dançava

da paz a seiva,

casta, branca,

a seiva da vida.


Contentou-se,

chegada, enfim, a verdade:

com quantos outonos se borda

a sombra fresca da liberdade!



Kalliane Amorim

(Escrito em 24 de outubro de 2020)

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