Vão embora as horas
a mirar do mistério
os luzeiros apagados,
também os passos
entre cortes e papéis
tão bem guardados...
a mirar do mistério
os luzeiros apagados,
também os passos
entre cortes e papéis
tão bem guardados...
Despedaçam-se
o escudo, a armadura,
forjados sem perdão,
como o peito
ensimesmado,
e os pés encalecidos
nas plumas da ilusão...
o escudo, a armadura,
forjados sem perdão,
como o peito
ensimesmado,
e os pés encalecidos
nas plumas da ilusão...
O que restou?
Inacabada, o que nos resta, até o fim,
é outra versão.
O que nos resta é, deveras, uma canção,
uma canção meio velada,
cantada sob um sol que ninguém vê
como quem canta a sombra à luz do ser.
Inacabada, o que nos resta, até o fim,
é outra versão.
O que nos resta é, deveras, uma canção,
uma canção meio velada,
cantada sob um sol que ninguém vê
como quem canta a sombra à luz do ser.
Quem vai saber o que afagamos
no secreto do olhar, da voz e das mãos?
Mistérios que se acenam... Morrerão
comigo, contigo, com os que virão,
a palavra e a impressão,
o abrigo que para elas construímos
quando tardam gesto e fala,
e, em silêncio, recordamos
o que somos, até então.
no secreto do olhar, da voz e das mãos?
Mistérios que se acenam... Morrerão
comigo, contigo, com os que virão,
a palavra e a impressão,
o abrigo que para elas construímos
quando tardam gesto e fala,
e, em silêncio, recordamos
o que somos, até então.
E o que somos?
Talvez a flor acenando sua alvura
na aridez do passado,
talvez o sereno entoando loas
à janela aberta na madrugada,
talvez um sopro acalentando
a rede do menino nem sequer gestado...
Talvez a flor acenando sua alvura
na aridez do passado,
talvez o sereno entoando loas
à janela aberta na madrugada,
talvez um sopro acalentando
a rede do menino nem sequer gestado...
Somos mesmo essa canção
dos olhos sobre o que a mão colheu,
esse ouro que brilha entre os cascalhos,
esse pó levantado da terra
esse corpo a se mover pelo sopro de Deus.
dos olhos sobre o que a mão colheu,
esse ouro que brilha entre os cascalhos,
esse pó levantado da terra
esse corpo a se mover pelo sopro de Deus.
Coisa mais linda este texto...Adorei-o, simplesmente. " Ler" Kalliane Amorim é como ler o âmago do ser, como vê-lo na sua essência. Parabéns, flor.
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