sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Quisera


Com palavras, bem quisera
desenhar a formosura
dessas pequeninas flores,
vindas do ventre das chuvas,
tecendo estampas miúdas
nas casas abandonadas
que agora dormem no álbum
de retratos de minha rua.

Caminhando, com meus olhos
debruçados sobre a terra -
com palavras, bem quisera
descrever o que não há
de tão óbvio nessas flores,
mas que exala seus olores
sobre os meus passos atentos
ao meu próprio caminhar.

As pétalas estendidas,
em lilases e amarelos,
apontam para um caminho
inefável, pois singelo,
cujo nome não consigo,
na verdade, compreender.

Porém dentro do silêncio
que se faz nesta morada,
onde a luz do sol adentra
despida, sem conhecer
o que quer que seja sombra,
permaneço a contemplar
esse olhar que me consome,
inflamando os horizontes
e vestindo a minha rua
de um rubor crepuscular.








Ante a auréola dessas flores
calam-se as minhas palavras...
São teus lábios me sorrindo
a paisagem que diviso
ao mirar esse jardim
estendido em minha estrada.

Eu não sei que gozo sinto...
Sei que tudo em mim se move,
ajoelha-se, comove-se,
devolvendo-te os sorrisos
com que tu me acaricias...

Só penso que morreria,
se pudesse esboçar,
com o cinzel da poesia,
uma centelha deste amor
tão divino e delicado,
meu amado, em cujo peito
o meu canto principia.



Kalliane Amorim

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